O propósito da audiência de conciliação, além de resolver o problema de maneira mais rápida do que em uma ação judicial, é oportunizar o diálogo entre as partes. Apaixonada pelo que faz, sempre busca deixar as partes à vontade para poderem expor suas preocupações, ânsias e expectativas quanto àquele momento. Não foram poucas as vezes em que as audiências conciliatórias emocionaram, com registros de choros e reconciliações. Foi numa sala do fórum que o casal percebeu que, apesar de não conversar há algum tempo, ainda havia afeto entre ambos – estavam em união matrimonial há mais de 30 anos.

E que seu pedido era para que o marido trabalhasse menos e pudesse levá-la às festas da comunidade, pois gostava muito de compartilhar esses momentos com os amigos e familiares. O marido, surpreso, mas ao mesmo tempo pensativo sobre atitudes e possibilidades, pôde perceber que o que precisavam para continuar o relacionamento não era nada difícil de alcançar. Ela diz ainda que “lembranças de audiências como essa fazem com que a motivação para atuar como conciliadora seja fortalecida a cada dia, desejando que não só em relações familiares, mas de convivência ou apenas negociais, possam ser sempre passíveis de uma boa conversa e de uma resolução amigável”. No entanto, a qualquer momento do processo uma das partes pode solicitar uma audiência para tentar acordo.

Mas a missão mais importante que assumiu – junto com a oficial da infância e juventude da comarca, Edna Cristina Fanfa Galvan – diz respeito à mudança de cultura da comunidade em relação aos conflitos do dia a dia. Os pequeninos precisam entender, desde cedo, como resolver conflitos da maneira mais pacífica possível para que a realidade deles seja diferente, para que saibam como lidar com os problemas fora do Judiciário”, ressalta Débora. Numa audiência em que atuou, por exemplo, seis irmãos brigavam e discutiam por questões rotineiras, inclusive com ameaças, o que causava grande sofrimento para a mãe da família. Com um pouco de conversa, acabaram todos num grande abraço e com muitas lágrimas da matriarca, que acompanhava a conciliação.

O amor existia, mas alguém de fora precisou lembrar a importância do sentimento entre eles, que, aliás, era muito maior do que as discussões por coisas pequenas. Débora percebe que a ideia de “deixar que o juiz resolva” pode estragar a boa vizinhança ou uma boa amizade, por exemplo, e que os advogados das partes podem colaborar incentivando a conciliação. Às vezes, um simples pedido de desculpas pode resolver o problema de maneira voluntária, sem determinação judicial para que isso aconteça.

Fonte: Tribunal de Santa Catarina
Imagem: PEXELS

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